Fazer música, expressar paixão pela música em sua essência não é um dom nato de um único indivíduo em especial (nem de alguns poucos escolhidos tampouco), mas uma necessidade, uma forma de manifestação de idéias e sentimentos, incutidas na raça humana como espécie, desde que o mundo é mundo.
Herdamos isso como uma obrigação primitiva, quase tribal, nascida dos ecos das cavernas, atravessando os mares na boca dos desbravadores, dançada pelos negros na escravidão...
Ressalto: Não um dom, apenas mais uma das muitas linguagens do ser, como indivíduo, como sociedade, como cultura.
Dito isso, a música tida como ciência é algo ainda em constante evolução, orgânica, pendente apenas de um ouvido atento e um veículo de manifestação propício. Em outras palavras: Ela está aí para qualquer um. Uma arte em busca de um artista, dançando a dança da eternidade, daqui até os confins do universo!
Lógico, existem pessoas com vários níveis de paixão e desenvolvimento da música em si. Pessoas capazes de influenciar gerações, de inspirar, de motivar outros com seu trabalho e seu espírito musical, que determinam surgimento do Reggae, a hegemonia do Samba ou Audácia do Rock’n’roll...
Mas num quadro geral, cada pedrinha nesse oceano civilizado em que vivemos é capaz de compartilhar som, exalar sua musicalidade interior, externalizar sinfonias, criar, compor...
Esse ato de compor, de construir uma canção composta de melodia, arranjo e letra, é no fundo uma questão de empatia, de buscar esse sentimento comum entre pessoas distintas, de fazê-las voltar o olhar, mesmo que brevemente, para uma mesmo horizonte. É um ato de comunhão, no fim das contas, uma “voz” que encontra eco entre outras “vozes” e justifica toda a sua existência.
Nas condições atuais, amigo, (do alto do âmbito empresarial e comercial a que se reduz a música pop em nossos dias) todas as chance que um compositor iniciante tem para mostrar seu trabalho se resumem a um único tiro: uma única oportunidade apenas de fazer aquele refrão grudento, aquele solo marcante, aquela melodia cativante prender ao cada vez menos atento, menos suscetível, menos empático ser humano do outro lado dessa comunicação musical.
E isso, ofusca toda a nossa musicalidade interior, presente em nós desde a nossa ancestralidade...







Muito bom, cara! Uma baita verdade, que novos compositores estão sozinhos,nus e no escuro.
ResponderExcluirAbracao, velho
Interessante, o que vemos hoje é um certo aprisionamento criativo, o artista pode fazer o que quiser na carreira, se antes tenha feito sucesso, este geralmente é alcançado com músicas grudentas mesmo, não sei com compositores se é assim, imagino que tbm passem por isto.
ResponderExcluirFiquei pensando para que(m) a música atualmente é feita..... aqueles que se lançam a compor para um mercado consumidor, acaba preso a estilos, regras das quais é dificil se desvincilhar. Fazer da música uma forma de expressão autêntica paece um caminho bem diferente.. no qual o reconhecimento nem sempre acontece.
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